Eu achei que era você, Marujo. Eu tinha certeza que era você.
Assim que você parou no meu cais eu achei que tinha encontrado finalmente o meu lugar.
Você foi como um sonho bom desses que a gente não quer acordar. Foi como um fim de tarde vendo o sol se pôr, sentindo a brisa fresca que vem do mar.
Marujo, só foi preciso cinco minutos de conversa e aquele café no fim de tarde pra eu perceber que não podia ter dado certo com mais ninguém. Era você, tinha de ser você.
O tempo foi passando, duas semanas depois eu já não imaginava a minha vida sem você.
As tuas histórias eram as melhores, teu sorriso o mais bonito de se ver, teus olhos me compreendiam sem eu nem precisar falar. Tinha de ser você.
Só de olhar pra mim qualquer um podia ver, eu já não era a mesma. O dia parecia ter ganhado cor, os pássaros pareciam ter ensaiado novas canções, as flores exalavam perfumes diferentes. Tudo era novo com você aqui, Marujo.
Mas num dia qualquer, como todos os outros, você juntou suas coisas e partiu.
Baixou as velas, tirou sua âncora do mar e foi embora sem nem olhar pra trás.
Eu devia saber que um marujo como você não sossega em terra firme. Teu lugar é por aí, no meu das ondas do mar e eu não vou te segurar.
Vai embora, Marujo, segue teu rumo, procura o teu cais. E não esquece que o porto seguro é aquele onde o nosso coração está.
